Umbanda
é Natureza. É reconhecer, respeitar e venerar o divino em cada formação natural
que o ser humano recebeu de presente no planeta Terra. E, como não poderia
deixar de ser, os vegetais são, por excelência, a maior expressão deste amor.
Ancestrais
do culto já diziam que “sem folhas não há Orixá”... Tamanha importância que as
ervas sintetizam dentro da religião umbandista. Sua diversidade na natureza e
as inúmeras formas de seu uso constituem a essência da riqueza ritualística nos
processos terapêuticos de tratamento e cura do corpo e do espírito.
Dentre
seus principais usos na liturgia destacamos os chamados “banhos” de ervas. Selecionadas
e indicadas pelos Guias de Luz para cada fim específico. Cada planta ou espécie
vegetal possui uma ou várias propriedades que, quando utilizadas da forma
correta e sob o encantamento direcionado pelos agentes da Luz Divina
(Pretos-Velhos, Caboclos, Exus, etc.) resultam em verdadeiros “milagres” no
atendimento às pessoas de fé. Temos os seguintes exemplos dos principais banhos:
na forma de Amacis – limpeza e energização ao lavar a cabeça dos médiuns;
Banhos de Descarrego – retirada de cargas nocivas que ficam
impregnadas no campo áurico do indivíduo; Banhos de Proteção – que fortalecem o
espírito e impedem que outras forças atuem contra a pessoa; Banhos Energéticos
– que renovam o AXÉ e atuam positivamente no corpo mental restabelecendo o
equilíbrio.
Existem
inúmeras maneiras de utilização das ervas sagradas na Umbanda. Desde a
preparação das folhas, que começa já na colheita junto à Natureza, que deve
obedecer preceitos básicos e algumas condições, dia e hora adequadas para ser
realizada, até seu manuseio, que envolve diversas técnicas que potencializam
seus efeitos – tisana, infusão, decocção e maceração – e, por fim, sua
aplicação, seja no momento do ritual ou posteriormente conforme orientado. Tudo
isso é realizado sempre sob a tutela e proteção dos Orixás; e o sacerdote
responsável por esta atividade deve ter o preparo e conhecimento necessários
para que os objetivos (intenção) sejam alcançados.
Isso
porque as ervas detém grande quantidade de energia vital, o elemento vegetal,
através de infinitas combinações, pode produzir determinados efeitos positivos
ou negativos, como tudo o que é energia no universo. Possuem forte poder para
atuar em nossa aura e em nosso campo energético, fato este já conhecido pelos
indígenas e demais povos ancestrais que sempre as utilizaram para diversos
fins. A Umbanda se vale deste conhecimento para desenvolver seus rituais, seus
descarregos, curas ou fortalecimentos, tudo comandado pelas entidades
espirituais que determinam o uso apropriado do elemento vegetal conforme o
caso.
Outra
finalidade das ervas é propiciar maior contato do médium com seus Orixás. No
ritual do Amaci a lavagem da cabeça simboliza a união do filho com seu “pai de
cabeça”, daí a expressão popularmente conhecida “filho de santo”. Pois
representa, entre outros, o aspecto iniciático do crente na nova religião. É
por meio das folhas específicas de cada Orixá que se dá o enlace da coroa do
neófito (abiã) e seus guias e santos protetores.
Vale
lembrar ainda que além dos usos individuais acima citados, temos o uso coletivo
das ervas naturais em todo ritual em que a verdadeira Umbanda acontece, através
da Defumação do ambiente e das pessoas durante os trabalhos (Giras). Em resumo
a Defumação é uma limpeza energética, que pode ser realizada também em outras
circunstâncias e ou ambientes como nossas residências, comércio e outros locais
de trabalho, desde que com a correta orientação dos Guias de Luz ou do Babá
(dirigente) do terreiro.
Enfim,
os vegetais, representados por inúmeras ervas, folhas, cascas e raízes, são
indispensáveis à Umbanda assim como à sustentação dos seres vivos. São
importantes reservatórios do AXÉ das energias primárias oriundas dos quatro
elementos planetários: ar, terra, água e fogo. Axé!