AGENDA 2020
GIRAS CANCELADAS DEVIDO A PANDEMIA
26/09 (Sáb) - 19h - Festa de Cosme e Damião
24/10 (Sáb) - 19h - GIRA DE PRETOS VELHOS
21/11 (Sáb) - 19h - GIRA DE BAIANOS
19/12 (19h) - GIRA DE EXUS
(senhas entregues das 18:45h às 19:00h)
terça-feira, 31 de julho de 2018
quarta-feira, 18 de julho de 2018
quinta-feira, 3 de maio de 2018
A ÁFRICA É AQUI
"2ª Semana de Ogum é sucesso de público em Guaíra-SP, mais de 400 visitantes estiveram no evento realizado de 26 a 28 de Abril de 2018."
Salve Ogum! - 23 de Abril - Dia de Ogum - Lei Ordinária Municipal de Guaíra-SP
Nos dias 26 a 28 de maio aconteceu a 2ª Semana de Ogum. Um
evento cultural mostrando toda a influência dos nossos ancestrais africanos
presente no nosso dia a dia. A Semana de Ogum é uma realização dos integrantes
do Centro Espírita de Umbanda Ogum Sete Espadas em conjunto com vários
parceiros, como a Prefeitura do Município de Guaíra, CMCN (Conselho Municipal
de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra) de Guaíra-SP, do COMIR
(Conselho Municipal da Igualdade Racial) de Barretos-SP, da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) de Barretos-SP, ONG Aruanda Brasil de Barretos-SP e também
empresas patrocinadoras.
Acima, palco da Casa de Cultura decorado para o evento. Segunda foto: abertura do evento com o Pai Gustavo de Xangô (dirigente do C.E.U. Ogum Sete Espadas) |
O evento foi aberto com a exposição Caminhos dos Orixás,
onde foram expostos quadros com motivos africanos, vestimentas e artesanatos.
Exposição de artes, vestimentas e artesanto típicos. |
Mais a noite, uma mesa redonda com a participação do Babá
Gustavo de Xangô (Dirigente do C.E.U. Ogum Sete Espadas), Yiá Adriana T’Omulu
(Movimento Negro Feminista e Sacerdotisa da Casa ILÉ AŞĘ OLÚ INÓN ATI BÀBÁ
FUNFUN) e a Dra. Luciana Peghim (OAB de Barretos). O debate girou em torno dos
muitos preconceitos existentes na nossa sociedade, como preconceito racial,
contra a mulher e religioso. Uma experiência riquímissima, uma vez que a
plateia teve ampla participação com perguntas e comentário, trazendo desta
forma uma abertura para que se discuta e conscientize cada vez mais as pessoas
a cerca destes temas.
Mesa redonda composta por Yiá Adriana T’Omulu (à direita), Babá Gustavo de Xangô (ao centro) e Dra. Luciana Peghim (à direita). |
A noite foi encerrada com uma apresentação belíssima de
dança do Grupo Artístico Detroit Hip Hop da cidade de Barretos. Hip hop é um
gênero artístico musical, com uma cultura iniciada durante a década de 1970,
nas áreas centrais de comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas como
forma de reação aos conflitos sociais e à violência sofrida por essas
comunidades.
Apresentaçaõ do Grupo Artístico Detroit Hip Hop. |
O segundo dia seguiu-se com as exposições que ocorreram na
Casa de Cultura de Guaíra. A noite ocorreu a palestra do sacerdote Pai Adérito
Simões (dirigente do Templo Sete Montanhas do Brasil). O tema trouxe
explicações sobre Ogum, um orixá tão cultuado nas terras brasileiras e presente
em nosso dia a dia.
“Se você está aqui agora, é porque Ogum permitiu!” (Pai
Adérito Simões)
|
O encerramento foi feito com uma apresentação da Curimba do
C.E.U. Ogum Sete Espadas, onde foram apresentadas cantigas populares
brasileiras e pontos utilizados nas Giras de Umbanda.
Curimba C.E.U. Ogum Sete Espadas |
A
semana cultural foi encerrada no sábado com uma linda procissão, onde foi
levado um andor com a imagem de Ogum (São Jorge), pelas ruas da cidade. A
procissão contou com a participação de várias pessoas da comunidade, adeptos e
não adeptos da Umbanda, integrantes do C.E.U. Ogum Sete Espadas e de outros
Terreiros de Umbanda da cidade e região. O grupo de Maracatu Pedra de Fogo da
cidade de Araraquara acompanhou toda a procissão acrescentado a magia dos
tambores a cada passo dos participantes.
O encerramento ocorreu no C.E.U. de Ogum Sete Espadas, em
uma cerimônia religiosa de louvor a Ogum, seguida de um jantar oferecido
gratuitamente a todos os participantes.
Agradecemos aqui a participação de cada um, desde o início
dos planejamentos no ano anterior até o trancar da última porta. Toda a ajuda
foi muito importante, dos que fizeram pouco aos que fizeram muito. Sem ela nada
disso teria acontecido. A cada ano queremos que esse evento faça parte da vida
de mais e mais pessoas. Nosso intuito é preservar a cultura de nossos
ancestrais, valorizar toda a grandeza da nossa mãe África e dos nossos queridos
antepassados. Agradecemos a Ogum pela oportunidade e força de realizar uma
festa tão linda! Axé.
Salve Ogum! - 23 de Abril - Dia de Ogum - Lei Ordinária Municipal de Guaíra-SP
sábado, 21 de abril de 2018
quinta-feira, 5 de abril de 2018
O Cancomblé no Brasil - por Iyá Adriana T'Omolu
Iyá Adriana T'Omolu (palestrante na 2ª Semana de Ogum em Guaíra, no dia 26/04/2018, às 19:30h, na Casa de Cultura) |
O Candomblé no Brasil foi trazido por três rainhas, três mulheres, três mulheres africanas que foram escravizadas, trazidas forçadamente ao Brasil. O Candomblé, a princípio, vem com a possibilidade, mas não só, vem com a missão de continuar o culto a Xangô, uma vez que foi o Rei de Oyó que deu a elas a missão de trazer o culto a Xangô ao Brasil. Mais que um culto, é uma religião de resistência, de agregamento, porque teve como uma de suas funções, como principal função, eu poderia dizer, a sobrevivência da cultura africana no Brasil, do culto a Orixá no Brasil. Foi a forma, uma das formas de sobrevivência da cultura africana por meio de sua religiosidade, da sobrevivência dos corpos africanos tão marginalizados, tão destruídos pelo processo escravagistas tão maculado, por toda sorte de tortura e sofrimento.
Corpos negros que foram destituídos de sua identidade étnica, com tudo que possa significar sua cultura, sua identidade, sua crença.
Três mulheres fundaram o Candomblé no Brasil, mas isso não significa que o Candomblé já não existia, mas com esse nome e como uma instituição religiosa, foi por meio de três mulheres. Portanto, o Candomblé, uma religião brasileira, porque fundada em solo brasileiro, se constituiu, mas de Matriz Africana vem com a missão de perpetuar o culto a Xangô, porém foram várias as nações que aqui foram forçadamente trazidas, várias crenças todas cultuando Orixás que são divindades africanas, Deuses e Deusas Africanas e, assim que o Candomblé se firma enquanto religião de matriz africana, se constitui e se faz com o culto principalmente a 16 Orixás.
O Candomblé tem, como uma de suas principais missões, garantir a sobrevivência do povo africano por meio da agregação, papel esse das mulheres, porque as mulheres são as que garantiram que não se perdesse de vista o Sagrado, o divino, a família, a religiosidade, e garantisse assim, a sobrevivência desses e dessas que tão massacrados foram por um dos processos mais cruéis da história humana, a escravização de seres humanos, a escravização e o tráfico de seres humanos transformados em coisa, transformando pessoas em nada.
Cultuar Orixá é, antes de tudo, cultuar a si mesma, sua história, sua origem, sua ancestralidade, sua humanidade. É cultuar, é perpetuar os valores civilizatórios africanos que constituem a nação africana. Nada nos tira a origem nobre, amorosa e agregadora que valoriza a oralidade, a religiosidade, a circularidade, a ancestralidade e outros valores positivos que formam a nação africana.
Nós, mulheres negras e não negras, que estamos dentro das religiões de matriz africana, não podemos perder de vista que a nossa religião é africana, portanto cultura Deusas e Deuses pretos, é resistência a tudo que faz mal ao ser humano, é resistência ao racismo, ao fascismo, ao machismo, à homofobia. O Candomblé é uma religião que busca o sagrado das divindades, que nos fazem lembrar todos os dias que somos reis e rainhas em terras tão cruéis, mas que hoje é a terra de nossas ancestrais e de nossos ancestrais. É aqui que estamos, aqui que vivemos, aqui que nossos ancestrais sofreram por meio da chibata e de toda sorte de tortura, mas que nunca deixaram de acreditar nos Orixás, que não deixaram de acreditar no amor de Orixá.
Que não deixemos de acreditar no amor, que não deixemos de acreditar no ser humano.
Corpos negros que foram destituídos de sua identidade étnica, com tudo que possa significar sua cultura, sua identidade, sua crença.
Três mulheres fundaram o Candomblé no Brasil, mas isso não significa que o Candomblé já não existia, mas com esse nome e como uma instituição religiosa, foi por meio de três mulheres. Portanto, o Candomblé, uma religião brasileira, porque fundada em solo brasileiro, se constituiu, mas de Matriz Africana vem com a missão de perpetuar o culto a Xangô, porém foram várias as nações que aqui foram forçadamente trazidas, várias crenças todas cultuando Orixás que são divindades africanas, Deuses e Deusas Africanas e, assim que o Candomblé se firma enquanto religião de matriz africana, se constitui e se faz com o culto principalmente a 16 Orixás.
O Candomblé tem, como uma de suas principais missões, garantir a sobrevivência do povo africano por meio da agregação, papel esse das mulheres, porque as mulheres são as que garantiram que não se perdesse de vista o Sagrado, o divino, a família, a religiosidade, e garantisse assim, a sobrevivência desses e dessas que tão massacrados foram por um dos processos mais cruéis da história humana, a escravização de seres humanos, a escravização e o tráfico de seres humanos transformados em coisa, transformando pessoas em nada.
Cultuar Orixá é, antes de tudo, cultuar a si mesma, sua história, sua origem, sua ancestralidade, sua humanidade. É cultuar, é perpetuar os valores civilizatórios africanos que constituem a nação africana. Nada nos tira a origem nobre, amorosa e agregadora que valoriza a oralidade, a religiosidade, a circularidade, a ancestralidade e outros valores positivos que formam a nação africana.
Nós, mulheres negras e não negras, que estamos dentro das religiões de matriz africana, não podemos perder de vista que a nossa religião é africana, portanto cultura Deusas e Deuses pretos, é resistência a tudo que faz mal ao ser humano, é resistência ao racismo, ao fascismo, ao machismo, à homofobia. O Candomblé é uma religião que busca o sagrado das divindades, que nos fazem lembrar todos os dias que somos reis e rainhas em terras tão cruéis, mas que hoje é a terra de nossas ancestrais e de nossos ancestrais. É aqui que estamos, aqui que vivemos, aqui que nossos ancestrais sofreram por meio da chibata e de toda sorte de tortura, mas que nunca deixaram de acreditar nos Orixás, que não deixaram de acreditar no amor de Orixá.
Que não deixemos de acreditar no amor, que não deixemos de acreditar no ser humano.
Mais que religiões, somos seres humanos e todo ser humano merece estar nesse mundo, isso aprendemos com Orixá, através do culto a Orixá. Cultuar o Divino é lembrar todos os dias que todo ser humano é Divino, que todo ser humano é centelha Divina, que todo ser humano é rico em história, que todo ser humano tem ancestralidade, que ninguém é melhor que ninguém e que, se permitimos que Orixá esteja em nossas vidas, o maior mal que eles podem nos fazer é nos fazer felizes, não nos deixar faltar comida em nossos pratos, cultuar o respeito aos mais velhos, respeitar as mulheres anciãs e os anciões e mais, respeitar a vida em todas as suas formas.
Eu sou feliz por ser de Orixá, eu sou feliz por ser de Axé e é nessa condição de viver o Divino, de viver a minha fé, que eu quero viver até o último dia, o dia de fechar meus olhos definitivamente. Nós mulheres temos um papel fundamental nas religiões de matriz africana, temos consciência que o homem se perceptível a sua condição de humanidade é parceiro, é companheiro. Não há, em nenhum momento, na religião, a fala em relação à subordinação de um gênero sobre outro; não há, no Candomblé, nenhuma fala que incite o ódio; não há, no Candomblé, nenhuma fala que coloque um ser humano em estado de superioridade a outro.
Sejamos mais humanos, sejamos mais amor, sejamos mais fraternos uns com os outros.
Eu sou, porque nós somos! Ubuntu!
Iyá Adriana T'Omolu
Pedagoga, sacerdotisa de candomblé e ativista do movimento negro e feminista.
Sacerdotisa da Casa ILÉ AŞĘ OLÚ INÓN ATI BÀBÁ FUNFUN, Suzano-SP.
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