Quando alguém pensa em procurar
um templo de Umbanda, seja para aliviar alguma necessidade física e ou
espiritual que esteja passando, ou mesmo para conhecer a religião, surgem de
imediato, diversas dúvidas e uma tremenda insegurança. Neste artigo vamos
elucidar alguns pontos que auxiliarão muitos a encontrar um local adequado que
realmente condiz à Luz Divina da Umbanda.
Um
templo umbandista, também chamado de terreiro ou Casa de Axé é um local
consagrado aos divinos Orixás. E, para que esta energia e força do astral
superior sejam realmente presentes o espaço aonde acontece o culto deve ser
sagrado. Para isto há que se respeitar uma série de preceitos e cumprir certas
obrigações exigidas segundo aquilo que chamamos de fundamentos da Umbanda
Sagrada. Pois, no templo é onde ocorre a ligação mediúnica entre as entidades
espirituais (mentores e guias de luz) com as pessoas (médiuns). O encontro
entre o sagrado e o profano, em que métodos indutores dos estados de
consciência são ativamente utilizados, objetivando a incorporação de espíritos
benfeitores nos médiuns, afim de, junto com eles, realizar a caridade.
Muitas
vezes o consulente que busca conforto e orientação num momento de dor pode,
devido ao desconhecimento, cair nas garras de usurpadores que se dizem
sacerdotes (pai ou mãe de santo) que, ao invés de ajudar, acabam criando mais
problemas ainda. Infelizmente o fato de alguém pendurar uma placa na fachada de
um imóvel como o nome “Umbanda” não garante nada. Por isso é muito importante,
para todos que procuram auxílio espiritual pela primeira vez na Umbanda, que se
conheça ao menos os preceitos básicos da religião, como ela funciona e quais são
seus verdadeiros alicerces.
Conforme
disse o Caboclo das Sete Encruzilhadas em 1908: “a Umbanda é a manifestação do
espírito para a prática do bem e da caridade”, sendo assim vejamos alguns
elementos que devem ser observados quando adentramos um centro umbandista: 1) a
Umbanda crê num Ser Supremo, o Deus único criador de todas as religiões monoteístas:
Yahweh para os judeus, Jeová para os
cristãos, Allah para os muçulmanos, e Zambi, Olorum ou Obatalá para nós;
os demais Orixás são emanações da Divindade, como todos os seres criados; 2) o
propósito maior dos seres criados é a Evolução, o progresso rumo à Luz Divina.
Isso se dá por meio das vidas sucessivas, a Lei da Reencarnação, o caminho do
aperfeiçoamento; 3) existe uma Lei de Justiça Celestial que determina, a cada
um, colher o fruto de suas ações, conhecida como Lei do Karma; 4) a umbanda se
rege pela Lei da Fraternidade Universal: todos os seres são irmãos por terem a
mesma origem, e devemos fazer ao outro aquilo que o outro gostaria que fosse
feito a ele, ou seja, devemos respeitar as diferenças e agir com empatia; 5) a
umbanda possui uma identidade própria e não se confunde com outras religiões ou
cultos, embora respeite e reconhece a todos, partilhando alguns princípios com
muitos deles; 6) a umbanda está a serviço da Luz Divina e só visa ao Bem,
qualquer ação que não respeite o livre-arbítrio das criaturas, que implique
malefício ou prejuízo de alguém, não é Umbanda; 7) a Umbanda não realiza, em
qualquer hipótese, o holocausto (sacrifício ritualístico de animais), apesar de
respeitar outras religiões de matriz africana – culto de Nação ou Candomblé –
que se valem desta prática; 8) a Umbanda não preceitua a colocação de
“despachos” ou “oferendas” em esquinas ou vias urbanas, e sua reverência às
Forças da Natureza implica preservação e respeito a todos os ambientes naturais
da Terra; 9) todo serviço de Umbanda é de caridade, jamais cobrando ou
aceitando retribuição de quaisquer espécie por atendimento, consultas ou
trabalhos. Quem cobra por serviços espirituais não é Umbandista; 10) a Umbanda
é uma religião libertadora e não opressora. Respeita a diversidade e promove a
inclusão social por meio da orientação, estudo e disciplina.
Estas
diretrizes servem de roteiro para quem almeja entrar em um templo umbandista de
fato e de direito. Embora tenhamos variações rituais de um centro para outro, os
fundamentos da Umbanda são pétreos. Além da gratuidade (não cobrança), pois
espíritos de luz são benfeitores e não necessitam de dinheiro ou qualquer
barganha, agrado, presentes ou favores, verificaremos numa verdadeira Casa de
Axé a Simplicidade, Harmonia e Humildade. Jamais há ameaça ou medo aos
frequentadores. É considerada uma religião ecologicamente correta, em que o
respeito à Natureza é regra imprescindível. Sujar ou poluir o meio ambiente com
velas, garrafas e outros restos inorgânicos, não faz parte de sua prática. A
Umbanda não é proselitista, não exige conversão à sua causa e aceita
democraticamente que seus frequentadores procurem outros cultos e doutrinas.
Pois defende aquilo que o Dalai Lama disse: “a melhor religião de todas é
aquela que faz de você uma pessoa melhor”. Pronto! Com essas informações
básicas qualquer pessoa está apta a iniciar sua jornada a caminho da Luz, em
busca de um verdadeiro templo umbandista e colher seus frutos. Axé!
Gustavo
C M Souza, é bacharel em História pela USP e dirigente do Centro Espírita de
Umbanda Ogum Sete Espadas
Para
saber mais:
Livro:
Iniciando na Umbanda – Norberto
Peixoto, editora Triângulo da Fraternidade
Contato:
Texto publicado no jornal "O Guaíra" de 25/09/2015.