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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A caminho da Luz

Quando alguém pensa em procurar um templo de Umbanda, seja para aliviar alguma necessidade física e ou espiritual que esteja passando, ou mesmo para conhecer a religião, surgem de imediato, diversas dúvidas e uma tremenda insegurança. Neste artigo vamos elucidar alguns pontos que auxiliarão muitos a encontrar um local adequado que realmente condiz à Luz Divina da Umbanda.

            Um templo umbandista, também chamado de terreiro ou Casa de Axé é um local consagrado aos divinos Orixás. E, para que esta energia e força do astral superior sejam realmente presentes o espaço aonde acontece o culto deve ser sagrado. Para isto há que se respeitar uma série de preceitos e cumprir certas obrigações exigidas segundo aquilo que chamamos de fundamentos da Umbanda Sagrada. Pois, no templo é onde ocorre a ligação mediúnica entre as entidades espirituais (mentores e guias de luz) com as pessoas (médiuns). O encontro entre o sagrado e o profano, em que métodos indutores dos estados de consciência são ativamente utilizados, objetivando a incorporação de espíritos benfeitores nos médiuns, afim de, junto com eles, realizar a caridade.

            Muitas vezes o consulente que busca conforto e orientação num momento de dor pode, devido ao desconhecimento, cair nas garras de usurpadores que se dizem sacerdotes (pai ou mãe de santo) que, ao invés de ajudar, acabam criando mais problemas ainda. Infelizmente o fato de alguém pendurar uma placa na fachada de um imóvel como o nome “Umbanda” não garante nada. Por isso é muito importante, para todos que procuram auxílio espiritual pela primeira vez na Umbanda, que se conheça ao menos os preceitos básicos da religião, como ela funciona e quais são seus verdadeiros alicerces.

            Conforme disse o Caboclo das Sete Encruzilhadas em 1908: “a Umbanda é a manifestação do espírito para a prática do bem e da caridade”, sendo assim vejamos alguns elementos que devem ser observados quando adentramos um centro umbandista: 1) a Umbanda crê num Ser Supremo, o Deus único criador de todas as religiões monoteístas: Yahweh para os judeus, Jeová para os cristãos, Allah para os muçulmanos, e Zambi, Olorum ou Obatalá para nós; os demais Orixás são emanações da Divindade, como todos os seres criados; 2) o propósito maior dos seres criados é a Evolução, o progresso rumo à Luz Divina. Isso se dá por meio das vidas sucessivas, a Lei da Reencarnação, o caminho do aperfeiçoamento; 3) existe uma Lei de Justiça Celestial que determina, a cada um, colher o fruto de suas ações, conhecida como Lei do Karma; 4) a umbanda se rege pela Lei da Fraternidade Universal: todos os seres são irmãos por terem a mesma origem, e devemos fazer ao outro aquilo que o outro gostaria que fosse feito a ele, ou seja, devemos respeitar as diferenças e agir com empatia; 5) a umbanda possui uma identidade própria e não se confunde com outras religiões ou cultos, embora respeite e reconhece a todos, partilhando alguns princípios com muitos deles; 6) a umbanda está a serviço da Luz Divina e só visa ao Bem, qualquer ação que não respeite o livre-arbítrio das criaturas, que implique malefício ou prejuízo de alguém, não é Umbanda; 7) a Umbanda não realiza, em qualquer hipótese, o holocausto (sacrifício ritualístico de animais), apesar de respeitar outras religiões de matriz africana – culto de Nação ou Candomblé – que se valem desta prática; 8) a Umbanda não preceitua a colocação de “despachos” ou “oferendas” em esquinas ou vias urbanas, e sua reverência às Forças da Natureza implica preservação e respeito a todos os ambientes naturais da Terra; 9) todo serviço de Umbanda é de caridade, jamais cobrando ou aceitando retribuição de quaisquer espécie por atendimento, consultas ou trabalhos. Quem cobra por serviços espirituais não é Umbandista; 10) a Umbanda é uma religião libertadora e não opressora. Respeita a diversidade e promove a inclusão social por meio da orientação, estudo e disciplina.

            Estas diretrizes servem de roteiro para quem almeja entrar em um templo umbandista de fato e de direito. Embora tenhamos variações rituais de um centro para outro, os fundamentos da Umbanda são pétreos. Além da gratuidade (não cobrança), pois espíritos de luz são benfeitores e não necessitam de dinheiro ou qualquer barganha, agrado, presentes ou favores, verificaremos numa verdadeira Casa de Axé a Simplicidade, Harmonia e Humildade. Jamais há ameaça ou medo aos frequentadores. É considerada uma religião ecologicamente correta, em que o respeito à Natureza é regra imprescindível. Sujar ou poluir o meio ambiente com velas, garrafas e outros restos inorgânicos, não faz parte de sua prática. A Umbanda não é proselitista, não exige conversão à sua causa e aceita democraticamente que seus frequentadores procurem outros cultos e doutrinas. Pois defende aquilo que o Dalai Lama disse: “a melhor religião de todas é aquela que faz de você uma pessoa melhor”. Pronto! Com essas informações básicas qualquer pessoa está apta a iniciar sua jornada a caminho da Luz, em busca de um verdadeiro templo umbandista e colher seus frutos. Axé!

Gustavo C M Souza, é bacharel em História pela USP e dirigente do Centro Espírita de Umbanda Ogum Sete Espadas

Para saber mais:

Livro: Iniciando na Umbanda – Norberto Peixoto, editora Triângulo da Fraternidade


Contato:

www.facebook.com/jorge.guerreira

Texto publicado no jornal "O Guaíra" de 25/09/2015.

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