AGENDA 2020

GIRAS CANCELADAS DEVIDO A PANDEMIA

26/09 (Sáb) - 19h - Festa de Cosme e Damião

24/10 (Sáb) - 19h - GIRA DE PRETOS VELHOS

21/11 (Sáb) - 19h - GIRA DE BAIANOS

19/12 (19h) - GIRA DE EXUS

(senhas entregues das 18:45h às 19:00h)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Xangô – O Rei dos Orixás

     
 Xangô é o Orixá da Justiça, e seu campo de atuação é preferencialmente a Razão. Despertando nos seres o senso de equilíbrio e isonomia. Promove a conscientização e desperta as pessoas para os reais valores da vida; em que a evolução espiritual se processa num fluir contínuo.

            Segundo a mitologia africana, da união de Oxalá e Iemanjá, nasceu Xangô, o filho dileto dos Orixás primevos. Guerreiro de grande valentia, destacou-se como conquistador de terras, dominando inclusive o importante país de Óio, onde foi proclamado rei. Além de rei de Óio, chegou a ser chamado de rei de toda a áfrica, recebendo depois de morte os títulos de deus do meteorito, deus do raio e do trovão.

       

     Notamos aqui o tamanho da importância deste Orixá no panteão religioso e cultural das crenças e religiões originárias do povo negro. Historicamente há uma mescla entre mitologia e realidade, estudiosos discutem, ainda hoje, até onde as lendas em torno do nome de Xangô são apenas de origem sagrada e religiosa ou, também, de origem histórica, uma vez que se tem registros de diversos monarcas e imperadores reais que deixaram sua marca na antiguidade do continente africano e suas façanhas são contadas e divinizadas como se fossem do próprio Orixá.

             Conhecido por sua virilidade, imponência e senso de justiça. Castiga os malfeitores e mentirosos, e é impiedoso com os traidores. Senhor da verdade, protege especialmente as pessoas de meia-idade, constituindo-se num dos deuses mais fortes e misteriosos dos cultos afro-brasileiros. Tanto é que, em algumas regiões do país (Rio Grande Sul e Maranhão), Xangô é o próprio nome da religião em si; assim como Candomblé, Catimbó e Umbanda.

            No sincretismo é identificado, normalmente, como São Jerônimo. Talvez pelo aspecto da sabedoria representado por este santo católico, o tradutor da bíblia, que, para tal fim, se retirou em isolamento nas montanhas, pontos de força natural deste Orixá. Mas, também, tem similitude com São João Batista, chamado de Xangô Kaô. Em algumas Casas de Axé pode ser encontrado, ainda, no culto a Santo Antônio, São José ou São Pedro. Por isso os festejos juninos são indiretamente outra forma de reverenciar o deus do Trovão.


           
  Culturalmente, Xangô é muito divulgado tanto em nosso país, quanto no exterior. Por meio de artistas brasileiros, da literatura, da pintura e da música. O maestro Vila Lobos, de renome internacional, incluiu em seus temas uma composição para Coro Misto de cinco vozes à Capela, apresentada pela primeira vez em junho de 1934, no Rio de Janeiro, sob regência do próprio compositor, intitulada “Xangô”.

Aroeira
             Quando se manifesta nos terreiros, a irradiação sobre seus filhos de santo é sempre muito forte e sonora como o trovão. Normalmente o médium abre os braços acima da cabeça como se estivessem recebendo a energia de um relâmpago e depois cruza os braços em sinal de ordem. Seu instrumento sagrado é o Oxé, machado de duas asas com o qual, segundo a lenda, lança seus meteoritos. Sua expressão oral é um brado vibrante que revela sua autoridade e seu protesto contra a injustiça sofrida pelos que a Ele recorrem. Seu dia da semana é a quarta-feira, sua cor é o marrom, suas principais ervas são o manjericão roxo e a guiné. Suas árvores sagradas são a mangueira, o limoeiro e a aroeira; seu elemento primordial é o fogo.


            As pessoas cujo Ori (cabeça) são regidas por este Orixá possuem temperamento equilibrado, são metódicos, não tomam decisões rápidas, gostam de pensar o suficiente sobre todos os ângulos das questões a serem resolvidas; são capazes de grandes sacrifícios, mas se aborrecem facilmente quando as coisas não saem conforme o planejado; são acomodados, sofrem muito em fases de mudanças, sejam elas profissionais, familiares ou amorosas; extremamente honestos, honrados e precisos em suas opiniões. Abominam surpresas, preferem tudo bem estudado com antecedência, são detalhistas. Voluntariosos, rígidos e odeiam ser contrariados. Apresentam tendência à obesidade e à calvície, são robustos e imponentes. Por vezes são orgulhosos, prepotentes e muito teimosos. São líderes natos, se dão muito bem em política, direito e nas áreas da comunicação. Todos que necessitam resolver alguma questão na justiça devem recorrer a este Orixá. E para reverenciá-lo, saudamos dizendo: “Kaô Kabecilê”! Salve Nosso Pai Xangô! Axé! 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Oxum – Rainha das Águas Doces

  

             Todos os anos, em 12 de outubro há muitas comemorações e homenagens à Padroeira do Brasil - Nossa Senhora Aparecida; também é dia de festas para os Umbandistas, que homenageiam Mamãe Oxum. Ela simboliza o amor, a união e o casamento. Seu elemento é a água doce, símbolo universal da riqueza e prosperidade, e está presente nos rios, lagos, fontes, cachoeiras e regatos.

            Ialodê – dama ou lady, pelas etnias Iorubás. Oxum é, por excelência, a representação do ideal feminino. Inclusive a menstruação e a maternidade são aspectos fundamentais de seu arquétipo.
Se existe um Orixá representante da feminilidade, certamente é Oxum. Chamada também de

            Ligada ao Rio Oxogbó, na região de Ijexá (Nigéria), é a Senhora das águas doces e cristalinas, podendo, em algumas situações muito especiais, ter sua vibração em pontos da Natureza à beira mar. Sendo a Senhora da Fertilidade é muito solicitada também pelos agricultores a fim de favorecer uma boa colheita. Seu Axé é fixado na terra depois das cheias dos rios e lagos, permitindo assim, a germinação das sementes das futuras plantas que garantirão a sobrevivência da espécie humana. Talvez seja este o motivo pelo qual Oxum é, há séculos, um dos Orixás mais venerados no panteão dos santos africanos. E claro, sincretizada com Nossa Senhora Aparecida não só por esta santa católica ser uma Virgem Negra, mas, principalmente, por ter sido encontrada nas águas doces do Rio Paraíba em 1717.



 

            Pedidos de oração para fartura e prosperidade são em geral feitos para Oxum. Ela protege as mães e as crianças, inclusive uma de suas qualidades conhecida como Oxum Abalô é sincretizada com Nossa Senhora do Bom Parto, uma vez que é ligada aos Ibejis – santos gêmeos; gosta de crianças, propicia filhos, ajuda casais com dificuldades para engravidar, protege as gestantes e favorece um bom parto; cuidando de nutrir, zelar e proteger todos que necessitam dela.

            Está sempre preocupada com o conforto das pessoas que as cercam, querendo atender suas necessidades. As boas maneiras, a sensibilidade e a compaixão são seus atributos, já que é muito dedicada ao próximo. Ela estimula a união matrimonial; favorece a conquista da riqueza espiritual e a abundância material. Atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor, fraternidade e união.

            Outro atributo Seu é o domínio das artes, música e dança, por isto a Curimba – orquestra de atabaques e percussão dos terreiros – é sempre protegida por este Orixá. Conta a lenda que Oxum usou de seus encantos para ludibriar Exu e assim aprender os segredos dos búzios, de forma que quando alguém consultar este oráculo africano, estará sob a influência de Mamãe Oxum.

            São muitos os filhos e filhas de Oxum espalhados no Brasil, eventualmente são a maioria nos terreiros de Umbanda. Suas principais características são: pessoas elegantes e charmosas; bastante vaidosas; atenciosas e trabalhadoras; são espertas e possuem um “quê doce” no olhar; são afetivas e carismáticas; profissionalmente são dedicadas e sensatas; amam com sinceridade e possuem uma persistência incrível. Por outro lado, podem ser chantagistas, de choro fácil, dramáticas e, vez ou outra, gostam de se fazer de vítimas para ter a piedade alheia; quando implicam com alguém são matreiras e debochadas; são possessivas; muito ciumentas; exigentes, chegam a ser autoritárias e adoram criticar. Fazem questão de receber atenção, odeiam quando são ignoradas e gostam de estar sempre em evidência.


            Todas as profissões ligadas a moda e artes em geral são protegidas de Oxum. Também as atividades educacionais, principalmente as relacionadas ao ensino infantil. Atua no campo das idéias (mental, intelectual) em todos os ramos em que é necessária a “inspiração” para criar coisas novas ou encontrar soluções que melhorem resultados empresariais ou comerciais. Seu dia da semana é o sábado, a cor predominante é o dourado, seus principais instrumentos são os búzios, o leque e o espelho. Suas ervas são o manjericão e a melissa. Devemos ofertar velas e rosas amarelas para Oxum. E, para saudar e pedir a proteção da Rainha das Águas Doces, dizemos: “Ora Iê Iê ô”. Axé!  

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Iansã - A Senhora dos Ventos

               
                  Oyá ou Iansã é a deusa do Rio Níger na África, segundo a lenda seria o próprio rio que garante a sobrevivência de inúmeras etnias ao longo de suas margens. Orixá dos ventos e tempestades possui um caráter temperamental e autoritário; por outro lado, é a responsável pela condução da energia vital no planeta.

           
          Ao contrário do que muitos podem imaginar, devido a sua impetuosidade, Iansã atua principalmente no campo emocional dos filhos de Umbanda. É aplicadora da Lei, assim como Ogum, na vida dos seres humanos, particularmente daqueles que vivem um estágio transitório da evolução kármica, pois “esgota” os vícios emocionais e redireciona seus protegidos, abrindo-lhes novos campos por onde evoluirão de forma menos “emotiva”. Por esta razão os filhos deste Orixá são, normalmente, um tanto sisudos e fechados. Aparentam agir mais pela razão e raciocínio lógico, chegam a ser considerados pessoas frias, calculistas ou indiferentes quando, na verdade, são tão passionais quanto quaisquer outras. Às vezes se evolvem demais com determinada situação, são profundos, gostam de discutir os mínimos detalhes e, por muito pouco se melindram.
            Na mitologia africana Iansã foi uma das esposas de Xangô, sendo, assim como seu consorte, também um Orixá que trabalha na Linha da Justiça, defendendo as causas daqueles que têm o devido merecimento perante Zambi, o Supremo Criador. É considerada a representante feminina nas batalhas; a guerreira nata, não mede esforços para vencer uma disputa ou algum obstáculo em seu caminho. Muito solicitada pelos crentes em momentos de agonia e desespero. Auxiliadora nas recuperações de pessoas e famílias que sofreram uma grande perda ou sobreviveram a uma catástrofe ou trauma. Seu elemento primordial é o “ar”. Com seus ventos indomáveis varre todo o mal; com seus raios e coriscos espanta os malfeitores e as cargas nocivas; com as águas tempestuosas das chuvas, limpa e descarrega tudo que é negativo. Eventualmente seja por isto que é sincretizada com Santa Bárbara, a mártir católica do século III. E sua data comemorativa também é 04 de dezembro.


            Iansã é renovadora. Suporta bem e tem facilidade nas mudanças, seja no aspecto profissional ou afetivo. Assim como os ventos, jamais um filho ou uma filha de Iansã se acomoda. E dificilmente residirá sempre na mesma casa ou cidade; ou trabalhará num mesmo emprego ou atividade por toda sua vida... São pessoas independentes e fazem questão de manter o próprio sustento. Gostam de manter fortes relações amorosas e familiares, porém nunca abrem mão de sua liberdade.

           
           Sua manifestação, quando incorporada no médium (filho de santo), é sempre muito forte, dança velozmente e faz rodopios como um redemoinho e seus gestos lembram uma luta com espadas. Estes movimentos desfazem os miasmas espirituais do ambiente e revitaliza o Axé de todos os presentes no terreiro. Utiliza pano da costa, nas cores vermelho e branco, com predomínio do vermelho vivo. Chifres de búfalo na cintura e nas mãos e um alfanje (espada) representando seu aspecto guerreiro. Possui ainda o Eruexin, uma espécie de espanador feito de pelos de rabo de boi ou de cavalo. Com este instrumento em particular, Iansã domina as almas rebeldes de desencarnados (Eguns), acalmando-os e direcionando-os aos locais de recuperação e aprendizado.

                         
                 Sua saudação é Eparrêi Oyá. Seu dia da semana é a quarta-feira, porém muitas Casas de Axé a cultuam aos sábados, dia de todas as Yabás – Orixás femininos. As velas na cor laranja são as preferidas de Iansã; suas principais ervas são a arruda, a alfazema e a cavalinha. O bambuzal representa a vibração e ponto da Natureza deste Orixá. Local, por excelência, utilizado nos cultos de Nação (Candomblé) para reverenciar e equilibrar as emoções de todos que buscam as bênçãos de Iansã.


            Que a Senhora dos Ventos proteja e auxilie todos a superar os momentos tempestuosos na vida. Eparrei Oyá! Axé!